sexta-feira, 1 de maio de 2009

QUINZE ANOS DA TRAGÉDIA EM IMOLA!

Há 15 anos, o esporte brasileiro viveu o desaparecimento do seu mais ilustre trabalhador. Em 1 de Maio de 1994, o autódromo Enzo e Dino Ferrari em Imola, foi palco de uma tragédia sem precedentes na história da Fórmula 1. A morte rondava o circuito desde a sexta-feira 29 de Abril, durante os treinos livres, quando de repente, a Jordan Hart do brasileiro Rubens Barrichello passou a toda velocidade pela variante Bassa, subiu na zebra da pista, chocou-se violentamente contra o alambrado de proteção, capotou umas duas vezes até parar. Todos se chocaram com a cena, pois até então, tinha sido o pior acidente da carreira de Barrichello. Rubinho foi levado ao centro médico da pista e foi constatado que quebrara o braço e o nariz. Recentemente em uma entrevista dada na TV, Barrichello confessou que o médico que o atendera, havia lhe dito que ele morrera por seis minutos, devido ao forte impacto que sofreu na cabeça. Ayrton Senna, chocado com o acidente do colega, foi barrado na porta do centro médico. Ayrton pulou o muro por de trás e entrou lá para ver como estava Barrichello. Ao sair, foi cercado por um batalhão de repórteres que queriam saber do estado de saúde de Rubens. Ayrton atônito disse por inúmeras vezes:"Ele está bem....ele está bem....ele está bem...ele está bem...". No sábado, 30 de Abril de 94, este que voz escreve estava no Barrashopping fazendo compras com os pais, quando de repente parei em frente a loja da Tele-Rio para assistir ao Globo Esporte, que no dia era apresentado por Isabela Scalabrini, para saber o que havia acontecido no treino oficial. Quando o programa abordou a F1, logo mostrou uma bandeira vermelha, mas não consegui entender o que se passava, pois o televisor estava sem som, e no exato momento, meus pais me chamaram pra ir a outro local do shopping center. Me recordo que passei o dia 30 de Abril de 94 todo na Barra da Tijuca. Eu deveria ter uns 12 anos. À noite quando saia do Carrefour, onde também havia comprado algumas coisas com meus pais, pegamos um táxi até em casa. Entramos no veículo, e o taxista estava em estado de choque quando nos falou a seguinte notícia:


-"Morreu um piloto no treino de hoje na F1!" Meu pai, minha mãe e eu ficamos sem palavras. Instantes depois meu pai se dirigiu ao taxista dizendo:

-"Tava demorando né! O Barrichello já bateu. O Senna não pode correr amanhã! Não deveria nem ter corrida amanhã."

- Roland Ratzenberger havia falecido depois que sua Simtek-Ford se espatifou no muro da curva Villeneuve, após perder o aerofólio traseiro.


foto do acidente fatal
com o piloto austríaco











Foto de perfil do piloto com o patricinador atrás















No domingo, 1 de Maio de 1994, Deus não permitiu que eu assistisse a corrida, pois nessa época era obrigado por minha mãe a ir a igreja assistir a santa missa, pois era pra contar na formação de minha primeira comunhão. Após o término da celebração, cheguei com minha mãe em casa e meu pai estava pálido em pé no meio da sala com a tv ligada. Algo muito sério havia ocorrido na corrida e minha mãe perguntou:

-"O que foi?" e meu pai respondeu:-"O Senna bateu muito forte, perdeu muito sangue....ele não vai escapar...ele morreu, ele morreu!"

Ainda sem acreditar no que estava ouvindo, a TV Globo reprisava constantemente as imagens do acidente do Ayrton e mais as notícias que vinham de Roberto Cabrini por telefone, que a época cobria as provas, e que estava falando direto do hospital Maggiore di Bologna, local onde Senna foi levado de helicóptero após bater na curva Tamburello em Imola. A essa altura dos fatos, o mundo nem queria saber que Michael Schumacher venceu o gp, com sua Benetton-Ford, que Nicola Larini foi o segundo com sua Ferrari e que Mika Hakkinen foi o 3º com sua Mclaren Peugeot, que torcedores foram atingidos por rodas que voaram pras arquibancadas depois do acidente na largada entre o português Pedro Lamy com o Lotus Mugen-Honda, e o Benetton-Ford do finlandês J.J.Lehto que ficou parado no grid na 5ª posição, que no final da saída dos boxes, o pneu traseiro direito da Minardi de Michele Alboreto saiu do eixo acertando um dos mecânicos da Ferrari que estava posicionado no seu local. Todos pensavam em Ayrton Senna. Horas depois, a TV Globo passou a dar flashes sobre o estado de saúde do piloto brasileiro, que sofrera uma traqueostomia, a fim de poder respirar, mas que suas funções neurológicas estavam péssimas, quase sem nenhuma atividade cerebral, mas clinicamente falando Ayrton ainda vivia. Corri para o quarto, pois meus pais assistiam a Globo, e eu queria saber de mais detalhes, de como aquela tragédia havia acontecido, pois estava na igreja na hora. Liguei meu televisor Philco-Ford, com detalhes que imitavam madeira,(aquilo pesava que só uma desgraça), e sintonizei o canal 7(a Bandeirantes), que falava tudo o que acontecera em Imola sem parar. Elias Jr apresentador do Show do Esporte, buscava informações daqui, dali e daco-lá, mas sem a exatidão necessária dos fatos. Até que no princípio da tarde no Brasil, noite na Itália, entra o plantão da Globo com Roberto Cabrini, que com a voz embargada dizia:" É uma notícia que não gostariamos de dar, mas temos o dever de dizer...Morreu Ayrton Senna da Silva...Uma notícia que numa mais ireimos esquecer...Morreu Ayrton Senna da Silva."O Brasil desabava em prantos. Ricos, pobres, todas as classes sociais choravam a perda de seu maior ídolo. O caixão de Ayrton, lacrado na Itália chegava ao país dias depois. Foi uma intensa comoção quando o corpo desembarcou em Cumbica São Paulo, para o cortejo fúnebre. Centenas de milhares de pessoas aguardavam a passagem do corpo do heroi que deu tantas alegrias ao Brasil, em tempos de tanta corrupção na política nacional. Senna foi velado no Palácio do Governo do Estado de São Paulo. Lá, uma grande multidão já esperava o caixão de Ayrton chegar. Rubens Barrichello, Alain Prost, Emerson Fittipaldi e Gerhard Berger ajudaram a seguram a urna, a fim de transportá-la para dentro do palácio. Me lembro que nesse momento, eu saia do colégio onde estudava, pois os professores deram meia aula para os alunos, afim de liberar os mesmos para que pudessem assistir em casa as últimas homenagens ao tri-campeão. Lembro que ao chegar do colégio em casa, peguei minha vizinha de corredor aos prantos, sem conseguir dizer uma só palavra. Foram momentos muito marcantes e que estão na minha memória até hoje, passados todos esses 15 anos de muitas saudades.

Acompanhe nesse vídeo da TV Globo, um pequeno resumo das 2 primeiras provas da temporada, e tudo que aconteceu antes, durante e depois da tragédia de 1994. Ayrton precentia que algo estava errado na F1, e que mudanças na segurança eram necessárias.


Um comentário:

  1. Caro amigo Rafael, eu tinha onze anos e estava dormindo. Acordei exatamente na hora do acidente. Cheguei à sala e meu pai, minha vó e minha mãe, estavam como sempre vendo o Grande Prêmio, mas com um olhar estranho. Ali ele me comunicou que o Senna havia batido e levado para um hospital... daí em diante acompanhei todo o noticiário até cair em lagrimas no fim do Fantástico, que mostrou a trajetória do campeão com o fundo musical tocando o tema da vitória.

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